Comissão da Verdade, anistia e revanchismo
Coluna
Fogo Cruzado – Folha de Pernambuco – 14 de maio
O
advogado e vereador de Olinda, Marcelo Santa Cruz, irmão do preso político que
desapareceu no Rio de Janeiro em 1973 e nunca mais foi encontrado, Fernando
Santa Cruz, está preocupado com as primeiras entrevistas dos membros da Comissão
da Verdade, nomeados pela presidente Dilma Rousseff no último dia 10, porque
até agora não houve declaração de nenhum deles de que vai apurar as denúncias
contidas no livro “Memórias de uma guerra suja” de autoria de um ex-delegado do
Dops.
De acordo
com a versão do delegado Cláudio Guerra, os estudantes pernambucanos Fernando
Santa Cruz e Eduardo Collier, mais o ex-deputado Rubens Paiva, figuram na lista
dos 12 desaparecidos que foram presos por agentes da repressão, no Rio de
Janeiro, torturados e mortos nos porões da ditadura, e posteriormente levados
para una usina de açúcar na cidade de Campos onde os corpos foram incinerados.
Há quem ache esta versão é fantasiosa, mas de qualquer sorte tem que ser apurada.
Há quem ache esta versão é fantasiosa, mas de qualquer sorte tem que ser apurada.
Conforme
Marcelo Santa Cruz, em vez de garantirem ao país que vão apurar essas
denúncias, os membros da Comissão da Verdade “ficam o tempo todo dizendo que
não são revanchistas, que vão fazer a reconciliação nacional e que irão
obedecer à equivocada decisão do STF sobre a Lei da Anistia (de que ela é
intocável)”. É legítima e compreensível a preocupação do vereador, mas não se
pode querer que a Comissão comece os seus trabalhos por este livro. Ela
certamente vai chegar lá, mas não agora.
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